( lembrando Cesário Verde )
Lisboa chovida,
bebidas as tuas calçadas,
deslizas nos trilhos dos teus eléctricos,
sorvendo salgada humidade
pelas narinas, mouras.
Lisboa deitada
- decúbito lateral de preguiça -
apoias nos braços a face
e aos olhos te ofereces
as ancas e as costas, nuas.
Lisboa marga de sabores,
de encostas dobradas,
fadadas de morrer chorando
alegrias e tristezas.
José Jorge Frade