Hoje vou ficar de braços cruzados, que mal poderá fazer?
Se não faço nada, então nada de nada me poderá acontecer?
Mas tenho medo, e se tanto tempo parado me fizer por dentro morrer?
De quanto tempo mais irei precisar para sarar e de novo me apaixonar?
Não adianta mesmo falar contigo
És apenas um ser imaginário
Que inunda o meu coração perdido
Mas és o único que me ouve como um fiel diário
Se ficar à espera, continuarás a falar?
Ou tenho eu que me levantar e caminhar?
Agir em vez de me sentar quieto?
Se te prometer que não vou chorar e que lutarei
Podes me dar a certeza que feliz serei?
De tantas palavras já ditas, não terás já dito tudo?
Entre tantos olhares, que outros mais me lançaras?
Nesta vida, só não temos o que não queremos.
Se não quiser então, o que tu queres para mim
Ficarei distante por caminhos de labirintos
Deixas-me sozinho ou ficaras comigo neste caminho sem fim?
Amanha o que farei é relevante, sim eu sei.
Porque defendo hoje o reflexo do que serei amanha
Mas se amanha nada quiser ser, poderei lutar para o ser?
Mesmo sem respostas, passo a passo
Lentamente e sem correr, à minha origem eu volto
De todos os sítios impensáveis, aquele que mais gosto é onde nasço
Onde me encontro e vejo o sol, onde me deito e vejo a lua
Uma verdade que pode ser nua e crua
Mas mesmo assim…
Hoje…
Vou ficar de braços cruzados…
E o amanha?
O amanha logo se vê, o que eu não quero é nada ser
Mas hoje…
Não quero ser tudo aquilo que quero
Mas então? Ficas comigo hoje…e amanha?
Michel Carvalho