Atríticos erros consumidos
Pelo sangue que escorre na pia,
Na imaturidade de desejos irrefreáveis
Eu pago pela desgraça alheia.
Mãe teu carinho que salva
É o mesmo que destruiu minha virilidae
Quando apanhava em salas de aula,
E trancafiado no quarto pequeno respirava umidade
Xingado e entristecido.
O sol se vai mais uma vez e eu o odeio,
Não vejo o velório de meu pai,
A bandeira lusa apodrece dentro do caixão adornado
Com ares de imponente saudade
Daquele que nunca trocou palavras comigo além de desculpas.
Guardarei a lembrança do homem alto e aleijado,
Que movendo apenas o rosto envelhecido babucia múrmurios lamentosos
Para uma criança ingênua
Que perdoa a misteriosa irresponsabilidade
De culpas e mentiras,de verdades ocultas,
Prossigo como posso.
O bolor de paredes contaminadas
Ajuda a infectar meus pulmões
Quanta pobreza por toda parte!
E mais uma morte indesejada,,
Sob gritos um cadáver adormece em meus braços
E lá fora estranhos assistem a mórbida cena da casa,
Amaldiçoada.
Parentes são inimigos hábeis,
Mas com todo ódio que tenho posso derrotar todos eles.
Não há nada que afaste de mim o lamento
Por todo o tempo que consumindo minhas forças,
Tirou a chance de obter momentos de sã felicidade,
nos velórios paternos e nos traumáticos dias de privação e medo.
Amo minha tristeza ao mesmo tempo que não,
Autodestrutivo e viciante paraíso,
Confusos desejos e sentimentos mistos,
Na solidão hermética de janelas e cadeados.