O que pensa essa mulher quando acende seu cigarro, dá um trago profundo, fica reflexiva e me criva o seu olhar esquivo? Será que pensa o quanto se tornou precisa, ou apenas se delicia com lembranças de quando a gente se mistura, se desfruta, e se morde loucamente numa torrente de delícias?
O que pensa ela agora quando não a vejo, e me sinto frágil, meio perdido? Sem a sua presença, seu beijo, quando só me resta a sua lembrança, a nossa dança, as nossas estripulias na cama - de quando a gente se transça e se consome - quando lhe entro de forma intensa, até um tanto devassa, e a gente fica parecendo adolescente, de tanto que se brinca e se gasta com gosto.
O que pensa ela no carro quando me olha com sua olhar de soslaio e me deixa paralisado, indefeso? Penso eu que, talvez, até duvide do que sinto, que minto em meus sentimentos, ou que apenas eu seja um igual a outro qualquer. E isso me liquida um pouco, liquidifica – de ser confundido, vou pro ralo, de ter sido pouco o tanto que me dei.
Como sou assim meio bobo, sempre louco, na dela, dou desconto a mim mesmo e desencano. Não, não pode ser engano, não há como desconstruir mais esse caminho, seja pelo passado ou apenas pelo que possamos pensar do futuro. Fico nesse compasso e não concluo nada, já que tudo fica implícito, no pensamento, silêncio. Mas, enfim, me aquieto no tormento e tento dormir no vento.
Meus escritossão verdades inventadas, fatos adulterados, fingimentos diversos; tentativas de pintar um quadro, fazer um canção, escrever um livro.