Perguntas a Eugénio de Andrade

Eugénio de Andrade

As mãos

Que tristeza tão inútil essas mãos
que nem seuqre são flores
que se dêem:
abertas são apenas abandono,
fechadas são pálpebras imensas
carregadas de sono.
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SERIA ESTA A RESPOTA QUE O POETA DESEJAVA DO GRANDE EUGENIO DE ANDRADE?

O poeta responde,comovido,em jeito de pergunta,como só o poema é:

As palavras

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio de Andrade

Desculpe a falta de pudor,mas também me tocou,e invocou uma outra voz : a de António Ramos Rosa.

Penso que os dois podem ser chamados contemporâneos da ternura.

desculpe-me o não jeito para escrever eugénio, desculpe-me mas tenho eugénio como o mais bonito poeta, o mais doce, recordo com saudade o dia em que o vi pela primeira vez no museu romântico, já nessa altura as rugas tomavam-lhe conta da expressão sempre carregada de sentimentos felizes. olhou-me as mãos que seguravam um cadernito com poemas pintados de minha infância que ainda guardo em cima da mesinha de cabeceiras. em breve o olhar dele sobre mim foi interrompido por milhares de rostos e corpos curiosos a pedir autografos, ele deu a cada um deles um pouco de si e ergueu-se, eu estava petrificada, deixei cair a minha expressão de entusiasmo, sentada na chão agora olhava-lhe o rosto erguido, sorriu-me e chamou-me. disse-me: "menina, senta-te aqui mais perto, deixa-me conhecer o teu caderninho" e eu sorri e fui até ele com o corpo inteiro a tremer, nada disse, sentei-me mais perto dele, ao seu lado respirava-se melhor, ele mesmo assim puxou-me e sentou-me no seu colo, remexeu os meus poemas e segredou-me "és feliz?", eu na minha pequenez acenei um não e chorei um pouquinho, ele abraçou-me enquanto me segredava uma história onde uma menina que escrevia poemas tristes se tornava numa princesa de um reino encantado, longe, longe do mundo mau dos adultos e eu fui feliz.

porque eugénio de andrade é e será sempre o mais bonito e mais doce poeta.

um sorriso para si josé jorge. lindo poema

Mar

Caro Poeta,

É sempre bom lembrar Eugênio de Andrade, principalmente neste seu poema de imensa beleza. Creio que uma das respostas que ele lhe daria está nestes versos do poema Sobre a Palavra: "Entre a folha branca e o gume do olhar/a boca envelhece."

Abraços,

júlio

Eugénio de Andrade... para mim um dos melhores!
Adorei a homenagem e a referência.

Beijo