DOIS POEMAS

Núria, minha irmã querida,

Você tem razão: poesia não foi feita para entender. Mas para sentir. Mario Quintana dizia que quando se pergunta a um autor o que ele quis dizer, um dos dois é burro. Manoel de Barros diz que a poesia não foi feita para explicar, mas para desexplicar. Eu, por aqui, vou vivendo com as minhas desexplicações. Porque se for procurar explicação nas coisas, fico mais louco do que já sou.

Carinho,

Júlio

minha cara poeta (já disse várias vezes que detesto a palavra poetisa),

estes poemas já completaram maioridade, uma vez que foram publicados no meu primeiro livro, lançado a 8 de março de 1990 - data pra lá de significativa: além de ser o dia internacional da mulher, quando lancei meu livro morria luís carlos prestes, o meu cavaleiro da esperança. achei por bem publicá-los juntos, uma vez que são curtos e, num site, isolados, talvez perdessem a força. o primeiro foi feito para uma amiga que não vejo há anos. o segundo não me lembro como foi concebido, mas acredito que tenha sido em ubatuba, litoral norte de são paulo. enfim, vez em quando, é bom remexer nestes escritos distantes e descobri-los tão perto da gente. para a poesia o que menos importa é o tempo.

afeto,

júlio

Caro poeta! já sei que não gostas do termo "poetisa"! rsrs... mas nem sei se sou poeta ou simplesmente uma mulher curiosa das coisas, dos sentimentos e sobretudo da vida. Remexer o baú sempre nos traz surpresas... outro dia fiz isso, mas não deu para salvar muita coisa, e joguei quase tudo no lixo. Me senti menos pesada! rsrs...
No seu caso a remexida "nesses escritos distantes" te fez muito bem e a nós, leitores, mais ainda!! concordo com você, a poesia é atemporal.

Até a próxima!!

carinho
Gladys

Olá, Fhatima

Quero agradecer, antes de mais nada, as suas palavras. Quanto aos poemas, lembro que ambos já completaram maioridade, uma vez que foram publicados no meu primeiro livro, A Mímica do Vento, de 1990. Poema em Dois Tempos eu o escrevi para uma amiga minha, que nunca mais vi, e acho que nem mora mais no Brasil. O segundo, Bucólico, foi feito em Ubatuba: não me lembro de tê-lo endereçado a alguém. Eu os juntei agora pelo fato de serem poemas curtos. E, separados, num site, talvez perdessem a força. Foi apenas um artifício que usei para trazê-los de volta. São de uma fase que o mar era o tema principal da minha poesia. Morei um tempo na praia. Hoje, estranhamente, tenho medo do mar e raramente falo dele. Acho que inconscientemente resolvi republicar estes poemas para apagar um pouco a idéia de que só falo da morte, um tema que, aliás, sempre me perseguiu e que, agora, talvez por causa da idade se vai tornando constante na minha poesia, o que não quer dizer que eu seja mórbido, embora muitos assim me julguem. Falo da morte não tanto por medo, mas por curiosidade. No fundo, no fundo, a morte é um mistério que fascina a todos nós, por mais que a gente tente fugir dela.

Afeto,

júlio

Querido amigo Tony,

Desculpe. Demorei a responder porque o computador está lento ou deve estar acontecendo algum problema de conexão no site. Quanto a minha flauta, que eu não sei tocar, digo-lhe que ela nem sempre é tão doce. Talvez seja transversal.

Abraços,

júlio