Os teus olhos estavam enlagrimados, querias chorar mas tinhas medo ou vergonha de o fazer na minha frente, sentia-te as lágrimas a acomularem-se nos olhos, via o meu reflexo na água que os cobria, via o reflexo da minha face atenta, que te olhava nos olhos só para ter a certeza do que estava a acontecer.
A tua mão sempre na minha, o sentir-te respirar pausadamente tranquilamente quase no meu ouvido, desejar ter-te mais perto um pedacinho, aqueles abraços demorados, sabe Deus quantas lágrimas choraste sem eu saber atrás das minhas costas, quantas lágrimas esse olhar enlagrimado deixou escorrer sem eu saber.
Enquanto te escrevo choro, choro o que me apeteceu chorar na altura e não o fiz tentando controlar a vontade louca de o fazer. Choro as lágrimas que deveriam ter sido soltadas e não foram, choro as lágrimas que soltaste depois enquanto olhavas a minha face e me dizias: "Gosto de ti!".
"O que nos parece estranho faz-nos tão felizes!", recordo estas palavras da minha avó, ouço-a nesta distância que me separa dela e do seu carinho, ouço-a e sabe tão bem escutar... porque me parece estranho o que estamos a viver mas nunca me senti tão feliz!
Só gostava que soubesses que não chorei contigo porque contive em mim todas as lágrimas que agora se soltam, a fragilidade é a maior beleza, hoje reparei nisso quando te vi os olhos enlagrimados, quando te senti a banhar-me a face com àgua salgada de uma lágrima enquanto me abraçavas apenas, depois disseste: " Sou um fraco!", não és nada fraco, és dos homens mais fortes que conheço, choraste na minha frente sem medo, sem vergonha, choraste enquanto dizias uma das maiores verdades: " Gosto de ti!".
O meu desejo é que a digas muitas vezes e que muitas vezes os teus olhos enlagrimados me espelhem em si...
... já sinto saudade. *
. façam de conta que eu não estive cá .