Sentirei falta
Do sorriso escondido
Dos pezinhos ligeiros
Da cinturinha fina
Da vozinha débil e sussurrada.
Sentirei falta
Do abraço acolhedor
Do beicinho birrento
Da mãozinha acomodada à minha
Do sorriso treinado, mas sincero...
Sentirei falta
De sair do trabalho e ir correndo
Encontrar-te arrumadinha
Esperando-me para o café.
De apressar os passos,
Atravessar na frente dos carros
Prá não perder um minuto sequer
E encontrar logo aqueles lábios úmidos
Sedentos de amor.
A menina sapeca que sabia pecar
sem parecer pecadora
Que sabia amar,
sem parecer apaixonada
Que queria carinho
sem parecer carente.
Sinto falta de a meia-noite chegar
E eu ter de ir correndo embora
Antes que a madrugada nos traísse
Entregando-nos ao amanhecer descuidado.
Os beijos ardentes e quentes
Que pareciam nos tragar,
Aprisionando o nosso amor dentro de nós,
Pra nunca mais escapar.
São tantas coisas que não dá prá contar
Mas dá prá lembrar e sentir saudades deste amor
Acelerado e quente que nos envolvia ardentemente.
Essa droga de tempo,
Que não tem manivela prá deixar voltar
Que segue incólume sua marcha em frente
Como que debochando da gente.
Quando a conheci, não imaginava amá-la.
Não procurei o seu olhar, nem a sua atenção,
Mas fomos logo tragados pelo abraço do acaso
Disfarçado de circunstância qualquer.
A diferença de idade logo ressaltou o especial.
O deslumbre nos impulsionava
contra as horas marcadas e o tempo.
Queríamos estar juntos sempre, o tempo inteiro.
Ela, esperta e viva, mas avexada e arredia
Foi entregando o seu amor na velocidade dos beijos.
Os beijos que libertaram o amor que estava preso em nós.
Logo vieram os planos e atitudes.
O sonho da felicidade possível
pousou em uma árvore ao lnosso lado
plantada em uma praça especial
aonde costumávamos devanear,
e ficarmos nos deliciando com as possibilidades.
Dia após dia foram passando
e o nosso amor descobrindo novos sabores.
Sinto falta do bolo de fubá com café
que se derramava em meu estômago
forrado de amor e carinho despendido por ela.
Não é assim! Não basta desligar o sentimento
que a nossa mente esquece, desacostuma-se!
Leva tempo, e muito tempo, às vezes...
Que droga de tempo...
Gideon Marinho Gonçalves