Parado no meio da rua vejo “crianças”,
“Crianças” correndo de um lado para o outro,
“Crianças” que brincam aos adultos,
Repetindo umas para as outras:
“Há que manter a criança que há dentro de nós.”
Não sabendo elas próprias que também são “crianças”.
“Crianças” que se enchem de brinquedos,
Que se atropelam com a fome de mais e mais brinquedos,
Fazendo birra quando vêem que uma outra “criança”
Tem um brinquedo que elas não têm.
E quando não conseguem ter o dito brinquedo,
Tentam por todos os meios tê-lo,
Enganam tudo e todos,
Mentem descaradamente,
Para poder ter a desculpa de ir brincar com a outra “criança”,
Brincar às guerras com um sorrisinho na cara,
Normal de um rapazola que só está bem a meter-se em sarilhos.
Há que manter a criança dentro de nós?
Há que continuar com a hipocrisia desmesurada?
Há que continuar a brincar?
Há que continuar cego?
Na escuridão há sempre uma luz,
Uma luz que os “cegos” não conseguem ver,
Mas que os cegos poderão conseguir vislumbrá-la.
A luz mostra que a criança é uma fase para viver,
Para ser vivida e deixa-la para trás,
Tal como a cobra deixa a sua pele.
Mas enquanto eu escrevo isto,
As brincadeiras continuam,
As crianças não costumam saber o que fazem,
Por isso destroem sem saberem,
Ou destroem só porque sim, é giro e tal,
Mesmo depois de a Mãe os avisar,
Mas parece que o que precisam é de uns tabefes.
Os ditos tabefes chegarão e só ai talvez,
Algumas crianças crescerão,
Aquelas que ainda transportam a luz,
Uma luz bem no seu interior,
Uma luz que sempre brilhou e que sempre brilhará.
Até lá continuemos com a brincadeira,
Depois não digam que “crianças” e crianças vos avisaram.