Sou a feia e sou beleza
O gosto do bem querer
Sou a força e a fraqueza
Sou a menina sou mulher
Sou o tudo sou o nada
Na crença sou descrença
Na lágrima sou gargalhada
Sou o direito e sou avesso
No fim sou o recomeço
Sou mãe e a namorada
Sou acesa e apagada
No terreiro sou o terço
Sou a morte, sou a vida
Sou o hoje na despedida
Sendo essa sou a outra
Sou a odiada e a querida
Sou direita sendo avessa
Sou o vento pela estrada
Sem o pé sem a cabeça
Sou feitiço e emboscada.
Conceição Pazzola
Olinda, 08/2/2007
Quando voltares para casa
Estarei na cama dormindo
Toda a mobília renovada
E nossas crianças sorrindo
Quando voltares para casa
Acharás a mulher perfumada
As panelas sobre o fogão
E todas lâmpadas apagadas
Quando voltares para casa
Notarás a família reunida
Todas as janelas abertas
E teus filhos cheios de vida
Quando voltares para casa
Todos ouvirão indiferentes
Os teus passos na entrada
Ninguém pulará de contente
Quando voltares para casa
Pensa direito um instante
Antes de desfazer tua mala
Para um detalhe importante
Quando voltares para casa
Sem afago no cabelo revolto
Diante da fechadura trocada
E do novo cachorro solto.
Conceição Pazzola
Olinda, 19/2/2007