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VIDA DE MORTE

 
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Porque há-de estar contente
O que escreve o que traz na alma
Aquele que sonha e que sente
O poeta não vive a calma

Vive o seu momento triste
Em todos e cada um de seu dia
Olhando que mais nada existe
Só a sua inolvidável agonia

Percorrendo cada palmo de chão
Buscando o outro lado da sorte
Sem nunca encontrar a razão
Para não ter esperança na morte

Iludindo a própria existência
Com odes e festejos sem sentido
Mergulhado no sono da demência
Num lago imundo e fedido

Quisera ele ter alegria
Que a alma lhe saltasse do peito
Descobrir na vida a euforia
Em cada momento um eleito

Mas logo o lodo do lago imundo
Seu corpo e alma arrebataria
Puxando e prendendo-o no fundo
Que seu corpo morto não se veja um dia

E nesta luta infame e desigual
Que nos lembra David e Golias
Aquele que escreve tem vida infernal
Por sentir, amar e sonhar todos os dias




To Quim

 
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toquim63
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