São Paulo 01 de Setembro de 2006
18h48m.
N'outro lado, um sujeito trocava algumas confusas palavras, sobre um tal Inácio, um a qual não tinha visto, alguma coisa grave que até agora não pude atinar. No balcão uns dois ou três copos no esquecimento.
Pedi meu chocolate gelado e em troca recebi um leiteolate pálido e sem gosto, o dia apenas despontava, enquanto arquitetava tarefas que não iria cumprir.
_São dois Reais e vinte!
_Vê mais uma dose!
_ Sai fora!
Eu sustentava as pálpebras num malabarismo engenhoso, em direção a rua observo uma sombra no chão derrubada pelas fortes doses da vida.
Meu comboio passava as seis e quinze, teria de apertar o passo, todos os dias eram como este, eu corria e o comboio atrasava como a desafiar-me, após uns solavancos ajeitei-me ao um canto onde o ar se ausentava e o sono furtava minhas últimas forças.
O comboio permanecia grande parte de seu tempo a fechar e abrir suas portas, numa coreografia irritante, o relógio corria empavonado, de repente o ar tomou o segredo de um intestino alheio e fervoroso, o vento escasso surgia inoperante de alguma janela que não estivesse atravancada. Minhas pernas tesas revezavam-se na triste sina de me sustentar na luta entre o sono e a queda.
_Com licença senhor, ela esta a passar mal!
Como numa espécie de crepúsculo humano, surge um acento, uma senhora o cede, pois os de uso reservado estavam a ser utilizados por alguns senhores esgotados.
Quase sem me dar conta, ao fundo oiço alguém dizer com a voz entonada:
_Saúdo os irmãos, com a paz do senhor!
Pensei se tratar de um equívoco, afinal a única paz que me rondava era o sono que mo acometia.
Após o desarticulado sermão da montanha, eu, que só sentia sono, passei a sentir também uma forte dor de cabeça.
Ganhará o dia, uma voz quase inaudível agradecia e desejava a todos um bom dia!
Após uma encenação Troiana, só restou o meu corpo quase adormecido disputando um lugar no hall da escada, com o pensamento positivo para que ele completasse o seu pequeno trajeto e não nos deixasse na mão no meio do caminho. E assim eu sigo rumo a estação do norte, no percurso de minha vida.
Dimythryus