Não sei se é hábil ou dextro
aquilo a que tenho direito,
à esquerda que me empresto,
sinistro em conceito.
Dúvido para que lado me voltar
durante um sono leve,
ou para onde virar
no cruzamento desta estrada breve.
Tenho o direito à esquerda
e ao canhoto da carta selada,
não me perturba a desenvoltura nem a perda
e tudo a que tenho direito e a nada.
Está direito? Não está torto!
Vivo neste desconforto...
Que sinistro
tudo isto!
Como pólos atraentes
que me subtraem o colectivo,
as questões são dúvidas permanentes
e não encontro um negativo...
Dextro ou sinistro - sentido pejurativo...
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.