Um destes dias zanguei-me com a solidão.
Corri-a à vassourada deste meu cansado coração
E até a proibi, de viajar comigo no meu camião
E a minha vida assim continua pois então
Desta feita na companhia da pura diversão
Vivida entre a realidade e alguma ficção
Mas a noite cai e na cama solitária do meu camião
Tenho-me de deitar, pois não tenho outra solução
É aí que eu começo a escutar uma voz na escuridão
Abro então, a cortina da janela do meu camião,
Na esperança de ver quiçá, uma deusa vestida de paixão
Mas… a voz que eu ouço afinal, é da escorraçada solidão
Tentando demover-me da minha repentina decisão
Para se juntar a mim nesta silenciosa e cerrada escuridão.
Volto a fechar a cortina e penso um pouco na situação:
Não! Eu jamais vou ceder a tão incessante pressão
Vou fechar os olhos ignorando-a simplesmente (a solidão)
E com a preciosa ajuda, da minha fértil imaginação
Começo então a pensar no coitado do Adão,
Que viveu tanto tempo, no paraíso com esta ingrata solidão.
Até conhecer a sua única e verdadeira paixão
Ou seja, Eva a mulher pecadora, mas de bom coração
Pois ela poderá ter enganado, o despido e solitário Adão
Mas foi ela que, o salvou daquela estúpida e triste solidão.
E até a serpente ficou a ganhar com esta mística união
Pois foi graças a ela (e não só), que se deu o milagre da procriação.
É por isso que eu agora, não me canso de alertar o meu coração,
Que mais vale viver, dez anos em contínua e desmesurada diversão,
Do que viver cem anos, mergulhado em contínua e profunda depressão.
E o sono chega, e termina com toda esta minha fantasiosa divagação…
apollo_onze