Tenho de te pedir perdão!
Dizes-me tu suspirando
Como se quisesses aliviar a tua consciência
De incompreensões arcaicas que foram ficando
Como se volvida uma eternidade
Finalmente te desses conta do vilão que foste
Da sevícia que exerceste
Já perdi a conta
Das vezes que me pediste desculpa
Absolvição para os teus traumas
Para os teus fantasmas que oscilam em teu redor
Que te hão-de inundar até ao fim dos teus dias
Não tenho nada a perdoar!
Tu és dualidade indócil
Mas não sou Deus para ajuizar
És destempero inadmissível
Ser indolente escravo em dipsomania
Como podes pedir absolvição
Quando teimas nos mesmos erros
Se aferras nos mesmos vícios!
Surdo aos gritos alheios
Ser de vistas limitadas
Serviçal de fobias indecifráveis
De perspectivas em ti próprio enclausuradas!
Como podes deitar lágrimas de arrependimento
Se nada queres aprender na vida
Se és prepotência estagnada no tempo!