Coisas de lamber e não se esquecer,
umas de provar, outras de sorver,
sorvidas umas já foram, outras servidas serão,
em serão para os que forem,
para os que não, isso é que não!
Bem ocultando as castas,
provados lá foram cinco,
em garrafas de bom tinto,
foram escolhidos e votados,
p'los eleitos do soba degustados...
Foram-se ignorando "Basta!"'s:
néctares em rodadas selectivas,
pelo apreço pelos convivas,
que nenhuma dúvida ficasse,
o júri que se emborrachasse!
Veio o Bispo falar em multa,
com a autoridade do Clero;
aqui apresento a mea culpa,
pronto a afundar-me no Bero...
Se a Lei Seca vingasse,
explodiria a Rebelião!
D. Giraldinus me multasse
p'lo crime de beber do garrafão!
(...)
O Júri que o vinho escolheu,
naquele tal dia afamado,
pelo Soba convocado,
tem multa que o Bispo prometeu!
Pois se antes de abençoado
não houvesse um malfadado
qualquer pobre que o provasse,
quem, pelo Clero, tombasse?
(...)
Marafado está D. Giraldinus
por causa da prova do vinus...
Tão grande vai esta teima
que arriscamos a grã coima...
Inda arrisco à condenação
a provador de azedume...
Isso não quero, meu irmão:
peixe fora do cardume...
Porque azedo só o vinagre
não queremos que o proves;
para o fundo do rio vai o bagre,
pró alto nossa confiança renoves!
(...)
Vem este humilde provador,
um plebeu, frade e servidor,
contestar vosso douto juízo
(que não por falta de sizo...).
Rebaldaria é que não houve
nem sequer folha de couve;
houve mesmo muita ciência,
que saiba Vossa Eminência.
Após escolha da metodologia
o júri foi votando, sem razia.
Escrutinou-se com cautela,
e nunca à-lá-boa-vai-ela...
Sem despique ou concorrência
prá competência de V. Eminência,
pronto, eis-me condenatum est,
mas nunca sem um protest(o)...
E na minha fraca opinião,
de destemido Macongino,
aqui te lanço meu irmão
com um abraço de menino:
Para uma Ceia começar
um Bispo de tanta Ciência
vai um bom vinho abençoar
e tem de ter grande paciência...
José Jorge Frade