Poemas : 

"insomne"

 
Tags:  introspecção    sina    palma da mão  
 
Insones, as minhas mãos retraídas de vazias
guardam
tesouros maiores que teimam em não soltar:
- preciosidade singulares, enigmas superiores
bordaduras raras,
fios d’oiro e prata em crivo aberto,
aves imaginárias do paraíso...

Insones, abrigam na singeleza do meu jeito

um afago
uma semente
uma flor
um laço ininterrupto e insuspeito
d’enlaçar odores de manjerona e alecrim
[e trigos maduros, meu amor …]

Insones, minhas mãos vazias e tão cheias de delonga
alongam-se em linhas e fossas abissais,
onde estão assinaladas, umas a uma,
todas as caligrafias
dum alfabeto copioso, determinado, obsessivo e espinhoso
indecifrável aos Deuses demais
de querer ousar ser somente humana-vida …

(que existem timbres e anagramas
que somente eu alcanço, e, titubeante,
em certos momentos instantes,
parece até que, lembrando, autista, esqueço…)

perco-me nas linhas de minha mão em urdidura do verso
definhando finda em fio tenro de chuva
sendo
da roca, cadernal, ousadia … e seda pura.


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Autor
Mel de Carvalho
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 07/07/2008 22:38  Atualizado: 07/07/2008 22:38
 Re: "insomne"
A força e beleza da poesia de Mel de Carvalho deriva do seu lirismo visceral e do léxico profuso e colorido que a autora manuseia com mestria. parabéns. Beijinho

Enviado por Tópico
Karla Bardanza
Publicado: 08/07/2008 01:02  Atualizado: 08/07/2008 01:02
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Usuário desde: 24/06/2007
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Mensagens: 3263
 Re: "insomne"
Li teu belo poema e pensei em Penélope tecendo de dia e desfiando à noite.Creio que poetisas são eternas tecelãs.Mãos tecendo fio a fio palavras e tesouros, enigmas e surpresas, a vida crua e em beleza.Beijinho.Gosto muito de ler teus poemas.

Karla Bardanza