But I, being poor, have only my dreams;
I have spread my dreams under your feet;
Tread softly because you tread on my dreams.
William Butler Yeats
I
Era um canto relvado com uma árvore no centro.
Se bem me lembro : palmeira - pouco bravia.
O vegetal esperava,esperava e esperava.
Passava no tempo:esperava ainda,
Não creio que por Godot.
Só acreditava em filmes de terror explícito.
Esperava o dia em que a civilizassem : correcção de conduta,i.e. seria transformada numa árvore igual às outras.
Como tu,quando pedes o corte de cabelo habitual.
II
Morre lentamente.
Entretanto pisam-lhe cospem-lhe cortam-lhe sobem-lhe emitem-lhe sons guturais de conquista.
A árvore já não teme,espera.
Espera um dia em que o invasor,ao devassar a vida privada pise;não nos sonhos-comuns;nem mesmo no vazio que num arremesso de sombra resguarda:
algo mais corriqueiro :
uma bosta de cão no umbral
entre o concreto e o onírico:
Nunca mais. (Disse o corvo.)
Mesmo que cheire mal de tão escatológica,a justiça
dá-lhe às vezes para ser poética.
III
A palmeira espera ainda,espera ninguém.
Espera uma pequena paz para o espírito:
o nome do bicho.
IV
Quando abro a janela de vidro duplo da sala-de-estar do apartamento do 3º esquerdo do
nº 29 da Rua da Rosa do Bairro Alto da Cidade de Lisboa do País Portugal do Continente Europa do Planeta Terra do Sistema Solar da Via Láctea,ladra o nome ao volume estranho no espaço verde.