LEÃO COSMOPOLITA
Voraz deveras é a leonina fome:
Quanto mais se sacia, mais deseja, mais come.
Ela vaga pelo antrópico cosmus demandante:
Demandante de indulgências que lhe majorem a vontade
De degustar horizontes de manjares incessantes, espetaculares!
Porém, ela nutre predileção por alimentos tropicanos:
Sim, aqueles mesmos cujos cardápios pletóricos e jucundos
São conhecidos pelo nome de pratos latino-americanos.
Ah, a comida,
A comida cujo degustar é gostoso e rotundo...
Ah, a comida,
A comida cujo prazer total
É quando a visão palata e saboreia o plenilúnio...
Ah, como é boa a comida do Terceiro Mundo!
Sim, certamente, a leonina fome é mesmo insaciável:
Tanto que carcome cardápios que outrora
Vangloriavam-se em gozar de reserva inesgotável.
Não satisfeita, ela quer porções mais caudalosas, absurdas,
Altruístas. Sim, com efeito, é assim a voracidade incompassiva
Que reveste o corpo, a alma, a pele da fome do leão cosmopolita.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA