Corro, corro, corro como um louco,
Não há espaço, só escuridão,
Um mar de águas cálidas,
E o iminente momento da aflição.
No caminho estreito, o tempo estático,
Transtorno, agressões,
Uma mudança brusca,
E me entrego aos tubarões.
Corro, corro, corro como um louco,
Não vejo nada,
Só a claridade de um universo iluminado,
Não há controle, grito.
Meu grito se funde aos sons
Que atordoam, confundem,
Acalmam, alimentam,
E agora, me adormecem.
Corro, corro, corro como um louco,
Há muito a ver, formas, cores,
E também a sentir,
Além do perfume das flores.
Há muito a ouvir,
Experiências, observações,
Há muito a descobrir
Em um universo de informações.
Corro, corro, corro como um louco,
Tudo se confunde em minha mente,
Faces, luzes, opções,
E o impulso incontrolável de ir em frente.
Corro, corro, corro como um louco,
Tudo vai, tudo vem,
Tudo passa,
E eu também.
Corro, corro, corro como um louco,
Procuro não desistir,
Caio, levanto,
Sigo em frente e continuo a fugir.
Corro, corro, corro como um louco,
Tento não cair,
Não tenho fôlego,
Nem desejo de insurgir.
Corro, corro, corro como posso,
E chego a um pequeno espelho quebrado,
Onde o reflexo mostra,
Que poderia apenas ter andado.