Encontrei-te!
Entre os chapéus dos montes
E as fraldas do céu!
Perdido nas desventuras dos trilhos enfadados,
Seguindo o vento, procuro rodear o teu peito
Com meus braços e num aperto,
Liberto o rebento das fontes
De espreguiçado contentamento,
Sobre os ferozes escarpados
Dos impérios do erro e do defeito,
Na estimada demanda do acerto.
Chegaste de manso
E por casualidade.
Na troca do olhar arrebatador,
Dialoguei contigo na mudez.
Por dias de estratégia contida,
Negociámos a rendição.
Era já tua a minha vontade,
Entregue ao afecto avassalador
Deixei minha alma em nudez…
Sinto-te hesitante
Entre o querer e o receio;
Não sei se por medo ou natureza,
Regras teu sentir ao essencial,
Procurando manter
Linha estreita entre conhecido e amante.
Confuso, entre tudo e nada, vagueio,
Agarrado a cultivada certeza
De te afagar em ideal
De companhia, e tudo fazer
Para guardar meu querer constante.
Iludo-me em ser para ti sempre primeiro,
Como és para mim, fiel pensamento.
Porém, sei que nem que me vista de Sol radioso,
E pareça sóbrio e prudente conselheiro,
Ou estrela maior do firmamento,
Me deixarás aquecer-te no dia mais turbulento,
No teu casulo interior misterioso.
Muitos dias passam, sem te ver:
Morrem as cores, absorve-se a luz
No manto tingido pela saudade.
Seja este um encontro sagrado,
E renovado na vontade de vencer
A distância que a dor seduz,
Lançando o tempo sem idade,
Na partilha do SER amado!
… Quero-te tanto…
J. Pópulo
XXX : V : MMVI
Andarilhus "(ªoª)"