Nascer, brotar!
Deixar fluir num desabrochar sem temor
Intrépida germinação, qual sorte
Quem diria que fluir afinal
Seria sinónimo de morte
Um adeus reservado
Amargura silenciosa e cruciante
Prenúncio do para sempre adiado
Frieza desapaixonada e lancinante
Quem diria!
Que fluir fosse a falta de entrega em amor partilhado
A insatisfação da alma perdida na multidão!
A inquietude do espírito
Na imensa amargura de lágrimas resvaladas em vão!
A dupla traição feita abandono silente
Agonia de ensejos dementes em dias austeros
Uma garganta apertada e pungente
Deixemos fluir os gestos e os dias
Verbalizavas com serenidade prudente
Fluir não passa de máscara
Nunca soube o que te preenchia a mente
Fluir foi apenas escudo para temporárias indecisões
Para falta de entusiasmo
Justificação para desilusões
Deixar fluir o quê?
A indiferença e a ausência?
Exsolvo os sentimentos
Ao teu virar de costas, permanecendo eu num deserto
À tua ausência gritante
Sem coração aberto!
Ao teu ficar dissimulado sem permanecer
Um destes dias, tomaremos um chá algures!?
Ah…só e somente se me apetecer!