Chove na inconstância dos dias
Como os fios embaraçados do meu pensamento
Qual escrita emaranhada de códigos de amor!
Que me abraçam o espírito
Em anamnese nutritiva de esplendor!
A noite encobriu o dia
Em reminiscências recrudescidas
Desdobro a manta espessa de lembranças
Sobre o fleumático vazio do leito
Deslizo as mãos pelos sulcos do cobertor
Que nos agasalhou em tempos de vitórias!
Feito alfombra afável de memórias!
Cerro os olhos em êxtase
A paz de ti invade-me
Flutuo num tremular inevitável
Já não é o cobertor!
És tu que estás presente
Não é ele que me aconchega
És tu e o teu corpo em placabilidade
És tu e os teus gestos amenos
São as tuas mãos resvalando em mim
És tu e a loucura rejuvenescida
Sucessivamente desabrochada em jogos
De sensualidade eternamente renascida!