Meu olhar perscrutador vai muito além,
do que os donos do mundo fazem-me crer.
Vejo povos a morrer, por não terem ninguém,
que olhe por eles e lhes possa valer.
Pessoas sem casas, sem saneamentos básicos,
vivem na imundice da extrema pobreza.
Estes são comportamentos clássicos,
de quem vive dos outros a indiferença.
Comida não há, a lixeira é a parca salvação,
de quem nada tem, atreitos a doenças.
Escolas não têm, tão pouco educação,
vão na vida vivendo rasgadas desavenças.
Prolifera a droga e os gangs de rua,
protectores improvisados de suas gentes.
E uma menina sem idade, quase nua,
faz da prostituição o pão de seus parentes.
Crianças cheiram cola, pra fugir à realidade,
do dia-a-dia tristemente sempre igual.
E revoltado revejo sua débil fragilidade,
tratados como se fossem um qualquer animal.
E nesta cena triste, de quem se sente,
nascem filhos com Sida, transmitida pelos pais.
E neste poema, feito assim, de repente,
quis trazer os meus, assim de muitos mais, os ais.
Jorge Humberto
29/06/08