hoje vou explicar-te o horizonte
como o vejo
desta varanda onde me sentei em espera de mim.
desfoco-me
e foco uma linha d’água vermelha
uma cúpula redonda, uma varanda de ferro,
onde poisa um pássaro de seda…
pergunto-lhe o nome
de mansinho, temendo que voe para longe daqui.
responde-me: chamo-me …Desassossego…
olha para mim e de soslaio, logo se queda no Tejo…
num olhar abrangente vejo que se detêm no teleférico:
feérico, luminescente de cabine apertada,
suspenso por cabos d’aço, desliza vazio, e tão cheia de nada…
agora sou em quem olha
as bandeiras dos países.
alinhadas tais petizes dos infantários…
ao lado, paralelos, transeuntes desfocados pelo verdugo do tempo.
estes, de todos os credos e cores:
aparentemente felizes! não creio… não acredito.
sinto-lhe o odor da mágoa, quando lhes escuto a gargalhada:
é a mascara de palco, sempre colada na frontaria da vida
é a miséria de muitos ali mesmo desfraldada.
oiço-lhes o que não dizem, ausculto-lhes a voz da alma…
no rio um cargueiro desliza perpendicular à água
se ao longe já se apaga em cavernais d'alegorismos
a vela esguia dos nosso comuns destinos ...
desfoco-me, focalizada!
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