Poemas -> Reflexão : 

Sinais da praia

 

O branco da espuma invade-me os passos
O azul das ondas conquista-me a alma
Em convexos serpenteantes dança o alento
Crista da torrente renovadamente calma!

Ondulação perpétua oscilando ao vento
O horizonte ao longe num adeus assombrado
Um barco na entrada da barra ao relento
Pegadas profundas e sem pecado!

E os sinais na longa praia
Na areia vestígios do ser humano
Entre risos e choros um peixe flutua inanimado
E o Tejo que desfalece nos braços do oceano!

Objectos feitos de sexo abreviado
Prisioneiro do desapontamento
De rituais exauridos de intelectos e mal amado!

Embalada suavemente pelas vagas
Que amimam a areia húmida
Uma ave anilhada, retesada, permanece morta
Fruto de um temporal aterrorizante
Como se o mar revolto
Fosse indiferente aos seres e à sua dor
E se tornasse um cruel amante!
 
Autor
AnaMariaOliveira
 
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