Dela só restam escritos desesperados,
gritos calados de uma alma cansada.
Nenhuma realidade pode ser tão pesada,
vida intensa, de dias tão curtos, encerrados.
Dói-me o peito imaginar tudo em vão,
tanta angustia, tanto medo, tanto vazio,
e ainda poder escrever com tal desafio
as mais belas páginas, pedaços de coração.
A morte tão desejada na falta de amor.
De forma brutal, como foi sua vida.
Sem lágrimas, sem pranto, sem dó e sem dor.
Florbela, feliz afinal, deixa poemas tão duros,
retratos de uma vida triste, tão infeliz,
letras tão lindas escritas em dias tão escuros.