Não me peças um tempo vazio de mim
Porque teimas em te asilar
Não me vires as costas da displicência!
Que obcecação em te distanciar!
Porque aferrolhas o acesso ao teu mundo?
Que segredos escondes de derrotas e glória
E que não podes partilhar?
Que sótãos te envolvem construídos na memória!
Que caves obscuras te acolhem
E onde me impedes de entrar?
Não me implores um tempo despojado de sentires!
Porque enlouqueço no meu próprio casulo
Prisioneira de mim e de qual imposta norma!
De que outro talhe se exerce a liberdade?
Senão obedecendo a uma consciência autónoma!
Mesmo que me leve ao hospício
Mantenho-me recta e em dever
Mas cumpri-lo é um destempero e suplício!
Estou cansada de amar quem não quer ser amado!
Esgotada de correr atrás de quem se esquiva ao destino
Desalentada com outros orbes enigmáticos de fatuidade
Desanimada com marasmo e egotismo
Que não o meu universo de diafaneidade!