Prostitutas desprotegidas na noite única e úmida,
passeando na rua cravejada de lembranças,
asfalto moribundo esquentado pelo sangue dos inocentes,
levanta-se o profeta em mais uma andança.
No frio singular e no repicar dos sinos meu conforto,
da varanda de onde partirá o querido suicida,
atento ao movimento das árvores balouçantes detrás do muro branco,
na impenetrável floresta de sonhos arruinados e planos.
Minha rua fechada a grades de campo da morte,
assiste a degenerada busca pela sobrevivência
tristes vizinhas loiras em cigarros consomem estrelas,
sonhando com dias melhores.
Perto mora o meu amor,através de becos estreitos a encontro n`outro bairro ladeira,
passageiro no trem da fumaça parda de trajetória vulgar,
homicidas cantarolam o lucro de mais uma criança corrompida,
enquanto suas mentes são embaladas pela fórmula psicoativa.
Desta rua sem saída,larga e sem carros,
pulsante e tímida esperança assola os antigos moradores,
ressentidos de tanta violência e perfídia,
trancados a ferro e fogo vingando-se em desejos assassinos.
Prostitutas passeiam nas ruas feridas,
longe de terrenos seguros, despedidas,
aceno para a rua que me habita,
decadente construção interpretando alegria.