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Metamorfose

 
O que eu, um dia, fui não serei mais e não sou.
Tem momentos que olho para trás e fico devastada
ao ver tudo o que por mim passou, assim de rajada,
como um simples fôlego que sobreviveu e se matou.

Caminho entre as nuvens do que sobrou,
entre as incógnitas e gastas pedras da calçada
e contemplo os sussurros destas ruínas, sentada,
num banco de pedra e de tempo que acabou.

Em metamorfose fiz-me e desfiz-me de mim:
ri bem alto e calei em segredo;
gritei tão baixinho e chorei a medo.

Em metamorfose vivi e morri vezes sem mim:
abri os olhos e ceguei com o que vi;
dei a alma e sufoquei com o que senti.

E longe de tudo aquilo que eu fui
fica a certeza de quem sempre serei,
perto de um passado que se dilui.
 
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Tytta
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Enviado por Tópico
Junior A.
Publicado: 01/03/2007 01:12  Atualizado: 01/03/2007 01:12
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Mensagens: 890
 Re: Metamorfose
Gostei do poema, sub-dividido em quadras e tercetos. Intenso de sentidos dubios, sobretudo presentes e efectivos, não seremos o que somos, mas teremos resquicíos do que temos.

De gota em gota, há-de se saciar a alma.

Mui bueno.