Pego num livro ao acaso
e o ocaso incendeia rastilhos de memórias
com palavras que não escrevi, que não disse…
Fecho os olhos em redemoinhos de vento,
desfraldo velas pandas e, as tais palavras,
as que dormem nos parágrafos estropiados,
soltas dos poemas de Júdice,
são a cola aglutinadora
com s'agrafam cacos arbitrários
de histórias, de rostos, cuja fisionomia já esqueci
se neles algum dia me perdi
e solitária m'achei ...
O caos toma conta de mim.
Largo apressada o livro, “A matéria do poema”
tomo uma folha imaculada e branca e escrevo
com medo que, sem que consinta, a tal palavra
a que se agita em estribilhos de louca,
a que nem sequer em calma me permite ler,
a que se eleva profana a cada simples olhada,
não m'acometa de plágio usurpando-lhe o verbo.
Nada vejo, entro em zen, num estado inflamado
de vidência ou desassossego,
o mundo é pura lava
os dedos procuram febris em jejum do teclado
(o toque das letras) em busca da forma (im)pura.
E o poema salta de uma mistura explosiva:
- é trama em cascata, é deleite, é anel de fogo,
por onde solto as feras
e as esperas
e as esporas do gozo
é júbilo
é semente e sementeira
é desordem tão ordeira
de uma vida inteira que a nu se oferta
- uma espécie de circulo vicioso e inacabado …
sem meio, princípio e fim, sendo esta e sendo outra...
…
Oiço Thaiskovky.… toca adentrado de mim.
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