Chego à calçada, arfando o peito
Preciso atravessar a rua – sinal fechado!
Bares cheios – sorveteiro na esquina
No ponto – rapaz sozinho, rosto corado.
Vento gelado, multidão em movimento
Pessoas… muitas… ninguém conhece ninguém
Encasacadas, roupas pesadas, é inverno,
Mulher estende a mão pedindo um vintém.
Moleque vadio, pisa no canteiro, guarda assobia
Os carros brecam – homens cruzam a rua
Preciso ir depressa – na praça pia a cotovia
Passarinho em árvore de praça, à luz do dia!
Que será? Deve ser coisa de lua!
Tudo transformou-se, maldita modernidade!
Arrancaram seu habitat, mudou-se para a cidade
Correria e multidão… vida fria e vazia!