Entranho-me pelo insondável e negro oceano
Seres das profundezas aprisionam-me no seu âmago
Combato por me desprender, numa contenda desigual
Criaturas marinhas vêm na minha direcção
Deslumbramento e temor em revelações sincrónicas
Os meus braços erguem-se na direcção da luz
Uma eternidade
Para a longínqua claridade!
O meu corpo nu gesticula, esbraceja em desespero!
Num esforço enorme, qual diligência inútil
Para subir à tona num anseio por respirar
Desfaleço a qualquer momento na subida inalcançável
E a superfície que permanece inatingível!
As minhas mãos removem as águas sombrias
Todos os membros se agitam na subida
Vou morrer na tentativa, mas entreabro os lábios
Respiro!
Respiro!
Conquisto a luz do sol!
O coração ainda bate desgovernado
Mais uma vez consegui sair do abismo!
Mais uma vez esqueci que sou apenas uma gota solitária
Que faz parte do oceano profundo da consciência cósmica
Que por muitos lagos que ocupe
Por muitos rios que transponha
Por muitas nuvens que beije
Por muita chuva que abrace
É ao oceano profundo que retorno
Como se exclusivamente e verdadeiramente
Só a ele pertencesse!