SUMIDOURO DO VISLUMBRAMENTO
Os olhos almejam novamente tangê-la.
Desde quando mesmo eles não a vêem, ainda que seja de Esguelha, an?
Ah, de fato, faz tanto tempo
Que não dispõem mais de sua noção exata, estejam seguros desta
Certeza.
Na verdade, eles anseiam saber para onde os imprevisíveis
Ventos do destino a sopraram.
Eles sinceramente esperam que o senhor das surpresas
Não a tenha escolhido como mais uma presa do naufrágio.
Não, eles não querem que se componha um bardo elegíaco a ela
Não, eles não desejam que óbices a impeçam de trilhar a estrada
Não, eles não gostariam de que ela derramasse rios de lástima
Não derramasse vale de lastimas quando chegar ao fim da jornada
No entanto o que sabem, afinal?
Sabem que nunca mais puderam lhe acariciar,
Com a palma da retina,
A tez de ébano que reveste a sua matéria diamantina.
Enfim, tudo o que sabem é que a viram embarcar
No catamarã do obscurecimento:
Melhor, sabem que ela seguiu
O horizonte do sumidouro do vislumbramento.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA