Manhã cinzenta, desabrochando num pardacento melancólico
Oceano revolto como essência masculina tumultuosa e cristalina
Deposita a espuma das vagas qual sémen
Em deflagração sobre a praia qual ventre feminino de areia fina
As criaturas são descendentes dum dinamismo trágico
Destas forças caóticas amarradas a uma energia fatídica, presa a correntes!
Deixam marcas no areal, fruto de danças num ritual mágico!
Vestígios de tempos perpetuamente dormentes
O nevoeiro, êxtase envolvente num deslumbramento
De dias sombrios e orvalhados de encanto
Jovens equilibrando-se em pranchas ascendendo no ar, a cada momento
Num energético surf, transformando as águas em turbilhão, num doce manto
Rastos negros ondulando no mar, como código genético
Emitente de informações que perpetuam a humanidade
No macrocosmo em torvelinho, num protocolo frenético
Qual embarcação do espaço inundada de sagacidade
E o espírito que comunica a ânsia premente de unir os elementos
Amálgama de água, terra, fogo, ar e dor!
E ouvem-se os murmúrios do oceano e da praia
Em bramidos irrefreáveis de amor!