Na escuridão da noite, subimos a Serra enlevados pelo pensamento
Na obscuridade, prolongámos as curvas e contracurvas
De quem confia serenamente no epílogo
Qual desenlace intuitivo e possante
Desenraizado das profundezas de cada um de nós
Contornos desinquietos escoltam-nos por entre o negrume
E o teu calor que me submerge
E os teus lábios que inundam o meu peito
Sedenta, perscruto-te inteiro, numa procura sôfrega
Os meus lábios tombam no teu corpo cálido
Hipnotize de âmagos em ebulição
As mãos mestras, deslizam em segredos incontidos
Penetrando no mais íntimo de nós
Percorro-te, detenho-me nos teus lábios
Misturando seivas, devolves-me!
Sobre as luzes ao longe, junto ao mar imenso
Erguemos uma paliçada de instintos
Num voo de gemidos, suspiros e gritos de triunfo
Numa amálgama de fluidos
Quais sementes ávidas de brotar
Disseminas-te em sublimação no meu rosto,
Nos meus cabelos em desatavio!
E ouve-se na Serra indubitavelmente o uivo do lobo!