As farpas que trocamos no passado
Não tão distante mostram quantas vezes
A vida se transforma em mil reveses
E muda sem saber de rumo e lado.
Quem dera se eu pudesse de bom grado
Fingir que jamais fomos simples reses
Atadas por enganos tão burgueses
Correndo atrás da sorte, velho gado.
Do velho socialista nada resta
Senão alguma luz que invade a fresta
E mostra este fantasma que hoje sou.
Um dia em tua boca eu mergulhei,
No beijo mais gostoso que troquei
Daí o velho trem descarrilou...