Vivemos num mundo cruel e desumanizado.
Como cão sem osso fomos largados no deserto.
Quem outrora caminhou connosco de braço dado,
em lívidas estradas se perdeu. Nada mais de tão certo!
E tudo é tão assim, estranho e bizarro…
como numa feira de seres horríficos, esposados no chão.
Hei-de lá ir um dia… talvez vá a pé, quem sabe de carro,
só para testar a minha curiosa atenção.
Singulares pessoas cumprimentam-me efusivamente.
Em sua manifestação esquecem-se do preconceito.
E entrando na tenda, um tanto displicentemente,
pergunto-me a mim mesmo o que me vai dentro do peito.
Começou o desfile desigual…
elas são dançarinas, anões, pobres e ricos palhaços…
Porque não haveria de me sentir igual,
a quem, sendo diferente, não esconde seus embaraços?
Jorge Humberto
22/06/08