encontrar-te
na essência matemática dum teorema
na raiz quadrado do cálculo
exacto
calcular a distância precisa que distancia
o ângulo obtuso de um gesto
à constante física da permitividade do vácuo…
permitir
Demócrito a imaginar de nós, partículas indizíveis,
invisíveis
atómicas
evoluir sem medo no modelo anatómico
na anatomia de corpos celestiais
e ousar preencher dele, um a um, em perpétuo
estado prazeroso,
no mais altaneiro paraíso, vazios espaços;
desdobrar
formulas indefinidas em equações simplicíssimas
d’orbitas interiores
reconhecidas
energizar afastamentos (sem queixumes, sem lamentos)
na força intrínseca das bases e dos ácidos;
captar da vida, desta que nos resta,
desta que no acto de nascer nos foi oferta,
na substrução cúmplice dum gesto,
protões energéticos,
concentrando na solução aquosa de pétalas de rosa,
iões HO-; macerar sentidos e exalar ópios
multicolores;
vencer a inércia, não esquecendo Newton,
da primeira à terceira lei, esta que nos revela que cada
acto contém em si uma interacção de acção-reacão-
ininterrupta e reactiva -,
em conjugação com a lei fundamental da dinâmica.
imprimir velocidades similares
aos nossos quereres
nos sentidos coincidentes, nas direcções calculadas (ou não ...)
palmilhar, ousando, ruelas escuras,
límpidas estradas, peneirando luas e luares numa paleta de cor.
entrelaçar salivas e condutas
num tango contínuo de pernas e palavras. numa fusão de corpos
ausentes d’atrito.
sucumbir na plenitude dum movimento uniforme
e no silêncio orgânico dum grito
anunciado
num lei inaugural da química.
... porque todo o poema é, no essencial, um poema de amor!
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