(CONTINUAÇÃO)
Ah... e no seu tempo, vivia-se em paz! Não havia assaltos, não havia mortes, salvo aquelas cometidas pelo regime mas que ficavam em segredo, não havia zaragatas nas ruas, tudo era sossegado e como se dizia, não nos devíamos de nos ocupar de política, mas havia sempre alguém que tinha isso na cabeça, mas porquê? Eles sabiam que Salazar lhes tinham dito, que a política era reservada aos políticos, então porque se meteram na política? Mas que estúpidos!...
Eram tão estúpidos, que um amigo meu natural de Sacavém e conhecido mundialmente, Eduardo Gageiro, de seu nome, considerado pela revista Times, o melhor fotógrafo do Mundo (infelizmente muito doente actualmente) Fez umas fotografias de um acidente férroviário em Custóias e um jornal alemão, pediu-lhe algumas fotografias desse acidente, como prifissional, enviou-as.
Dias depois, chego ao café depois do jantar e o Eduardo não estava. O Eduardo foi hoje preso pela PIDE! Pela Pide? Mas se lhe perguntarem como se chama não importa qual Ministro ele não sabe visto que ele nunca se ocupou de política, foi preso porquê?
-Ninguém sabe,a Pide foi-o buscar a casa e o pai anda aflito, anda a querer saber o porquê.
O pai do Eduarado foi ao jornal o Século onde o filho trabalhava, para pedir ao director para o ajudar e este prometeu que tudo faria para o tirar dessa situação o que aconteceu e três dias depois o Eduardo voltava no nosso convivio.
Então ele nos explicou o grande crime político por ele cometido.
A Pide tinha-o levado para as intalações policiais e mostraram-lhe um jornal alemão onde estava a fotografia que ele tinha enviado e estava escrito por baixo, cito, obras de Salazar.
Perguntaram-lhe se ele conhecia a fotografia, sim é minha! Sabe o que está escrito? não, não sei ler alemão. Um agente traduziu e o Eduardo disse que não tinha culpa nenhuma que tivessem escrito isso no jornal, vá lá o crime! Com a ajuda do director do jornal o Século, foi libertado.
O também meu amigo Mário Ventura Henriques, escritor, jornalista e hoje prsidente do Festival Internacional de Cinema de Tróia, Setúbal, porque disse umas certas verdades, também foi preso.
Durante a campanha eleitoral para a presidência da República em que o General Humberto Delgado era candidato, tinha dois amigos meus. o Francisco Pinto e o Óscar de Figueiredo que pertenciam à comissão concelhia (Loures). Na antevéspera da eleição, o Francisco foi buscar os votos para distribuir pelo concelho à Avenida da Liberdade, sede da candidatura do General. à saída, apanhou um táxi e no momento de fechar a porta foi impedido por um agente da Pide do qual o Francisco se conseguiu livrar empurrando-o com os pés e como o táxista colaborou acelarando a fundo, escapou de ser preso.
No dia seguinte, ele veio me pedir para ir com ele à sede do General buscar mais votos e como eu tinha uma lambreta, era mais fácil, no caso de problemas com a Pide de nos esgueirar-mos nas ruas de Lisboa.
Fui com agrado e passei uma parte da soiré na sede do General,
O General veio à sede e ao momento de entrar no seu gabinete, viu que estavam dois agentes da Pide sentados junto à porta.
Que fazem ests duas merdas aqui? Gritou o General, rua! não os quero aqui.
Os agentes meteram o rabibnho entre as pernas e saíram. O General dirigindo-se aos seus colaboradores, disse:
-Eu sei que esses senhores, querem colar votos nas urnas, é prciso bem controlar.
Os dois agentes voltarm e sentaram-se de novo à porta do gabinete, o General olhou para eles: Estas duas merdas, nem squer sabem que sou obrigado a os aceitar aqui e batendo com as mãos fechadas, na porta, disse : Eles julgam que isto é madeira, mas enganam-se, é ferro!
Tive o prazer de conhecer esse grande General! A sua imagem ficou gravada para todo o sempre, em mim.
Já tarde, deram-nos os sacos com os votos e partimos sem problemas.
\"A DEMOCRACIA DE SALAZAR\"
PARTE (II)
A. DA FONSECA
Mais textos
Rss do autor
Estatísticas
Enviar
Imprimir
Criar um pdf
