TAXIDERMIA DAS ALAMEDAS DO SONHO
Meu passeio pelo bosque da conflagração
Hoje, infelizmente, não se acha possível:
Pois quando me encontro a alguns passos de seu limiar,
Sou tragado pelo vórtice de dissabores infandos e difíceis de assimilar,
E por isso fico inerte, tamanha é deles a grandeza
Quando deixam que seja aflorado o seu poderio
Em estado pleno de incandescência.
Parece haver um manto de inquebrantável inércia
Que colmeia a minha ideológica atmosfera,
Porque ela impõe uma resistência tão forte á cinemática de meus intentos,
Que, agora, nestes últimos tempos, tenho sentido o semblante do meu ânimo
Desvanecer-se ao palatar seu espectro se aproximando
Das cercanias do meu pensamento.
Então, por ter como amo e vetor o vazio desta perspectiva,
Eu me deixo afogar no infinito das profundezas do oceano de minhas vísceras:
Empalhando o verdadeiro ser meu, cordilheira de Ideais augustos,
Em um invólucro de modorra, conformismo medonho:
Á espera de que um dia o castelo feito do mais inerme areal
Se comute em áurea fortaleza
Ao mergulhar no mar da Alquimia,
Onde verá que o poder de um sonho
Transforma em cinzas a onipotência da paralisia!
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA