Peguei numa caixa de lápis de cor
para com eles fazer um desenho,
dos traços que fiz saiu um senhor
alto, com um sorriso estranho.
Pintei a sua roupa de azul celeste
e os seus sapatos de verde alface,
o céu pintei de um escuro cipreste,
mas parei ao me deparar com a face...
Com um lápis de cor-de-pele na mão
colori o rosto de rosa, de castanho...
e com a firmeza de sempre parei!
O Homem sem nome, mas com coração
tinha a pele enrugada, tamanho
foi o vinco que na pele lhe deixei...
(Cor de pele???)
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.