TEMPORADA DE CAÇA ÁS TAPEÇARIAS DE MECA
Caçam-nos como se fôssemos seres abomináveis:
Castrando-nos a liberdade contida
Na livre contemplação da luz ígnea
Que alimenta a chama de todos os nossos prosaicos dias.
Caçam-nos como se já soubessem que somos, de antemão, culpados:
Castrando-nos a liberdade contida
Na decente privacidade das residências fixas.
Caçam-nos como se tivessem a certeza de que somos arquitetos de tétricos desastres:
Castrando-nos a liberdade contida
No fato de vicejarmos no jardim meso-boreal como flores de véu e de poligamia.
Caçam-nos, porque antes engendram sofismas:
Castrando-nos, pois tais ardis nos demonizam.
Caçam-nos por darem a chave da Caixa de Pandora a falsos profetas:
Castrando-nos o sopro da vida por sermos tapeçarias de Medina, de Meca!
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA