NECESSIDADE
(Davys Sousa, 18 de Junho de 2008)
Um poema!
Preciso urgentemente escrever um poema.
Não precisa ser clássico.
Um poema fossilizado na alma
Em versos agitados,
Inerentes a autofagia da expressão humana.
Preciso urgentemente escrever um poema,
Versos marginalizados, ímpetos,
Arrancados da alma e devoradores da língua lusófona.
Preciso escrever... poema estuprador
De toda complexidade do ego...poema intransferível!
Poemato!
Um poema auto-crítico que dilacera tudo de ético-moral!
Um poema masturbador,
Infurtável e abrupto!
Um poema suicida!
Onde a cidade não se esconda.
Onde a “minoria” que na verdade é grande
Seja expressada em liberdade comum,
Onde o amor é indiferente a sexo, idade!
A vida presente brada!
Preciso urgentemente... um poema desmistificador...
Liberdade!
Sociedade!
Igualdade!
Um poema incontível, exaltante.
Versos vívidos em vozes de anti-silêncio.
A voz é a porta da mudança.
É preciso auto-indagar-se sobre quem somos.
Mudar começa dentro de nós.
Um poema é preciso, de decisão clara.
Um poema violador de gestos volúpicos
Que cante, ecoe nas multidões eufóricas,
Absurtas da ignorância que sofrem.
Um poema cru e nu desvirginador filosófico.
Davys Sousa
(Caine)