Poemas -> Fantasia : 

Parceria: António Aleixo & Maria José Limeira

 
QUADRAS
António Aleixo & Maria José Limeira


Talvez paz no mundo houvesse
Embora tal não pareça,
Se o coração não estivesse
Tão distante da cabeça.
(António Aleixo)


Enquanto a Paz não vem,
a gente canta dobrado.
O amor é mais de cem
contra um só guarda armado.
(Maria José Limeira)


Depois de tanta desordem,
Depois de tam dura prova,
Deve vir a nova ordem,
Se vier a ordem nova
(António Aleixo)


A ordem agora é amar,
na mais feliz maratona.
Quem ama encontra o lar.
Quem não ama cai na lona.
(Maria José Limeira)


Embora os meus olhos sejam
Os mais pequenos do mundo,
O que importa é que eles vejam
O que os homens são no fundo.
(António Aleixo)


O que é bom está guardado.
O mal é bom jogar fora.
Quem é feliz dança o fado.
Quem dá adeus vai embora.
(Maria José Limeira)


Não é só na grande terra
Que os poetas cantam bem:
Os rouxinóis são da serra
E cantam como ninguém.
(António Aleixo)


Quem canta é passarinho.
Quem rima é bom poeta.
Roupa torta, desalinho
e finalidade, meta.
(Maria José Limeira).


Quem prende a água que corre
É por si próprio enganado.
O ribeirinho não morre,
Vai correr por todo lado.
(António Aleixo)


Há os rios temporários
e as águas permanentes.
Há fusos que são horários.
Há animais que são gentes.
(Maria José Limeira)


Que o mundo está mal, dizemos
E vai de mal a pior;
E, afinal, nada fazemos
Para que ele seja melhor.
(António Aleixo)


Quem deseja a mudança
vai ter de alterar rotina.
Esperar somente cansa.
Tem que trocar a bobina.
(Maria José Limeira)

 
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MariaJoséLimeira
 
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Enviado por Tópico
MariaJoséLimeira
Publicado: 17/06/2008 01:26  Atualizado: 17/06/2008 01:26
Super Participativo
Usuário desde: 04/06/2008
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Mensagens: 131
 Re: Mais! - Parceria: António Aleixo & Maria José Limeira
Mais quadras:
ANTONIO ALEIXO & MARIA JOSÉ LIMEIRA

Eu não tenho vistas largas
nem grande sabedoria,
mas dão-me as horas amargas
lições de filosofia.
(Antonio Aleixo)


A filosofia vã
cai no chão e se espatifa.
A vida sem amanhã
não tem nada, só cafifa.
(Maria José Limeira)


Mentiu com habilidade,
fez quantas mentiras quis.
Agora fala verdade,
ninguém crê no que ele diz.
(Antonio Aleixo)


Quem mente uma vez distorce.
Na segunda, quebra a cara.
Toda mensagem é Morse.
E toda beleza, rara.
(Maria José Limeira)


Uma mosca sem valor
poisa, co'a mesma alegria
na careca dum doutor
como em qualquer porcaria.
(Antonio Aleixo)


Não sei por que tanto orgulho.
Não sei pra que tanta empáfia.
No feijão ruim tem gorgulho.
E na Itália tem Máfia.
(Maria José Limeira)


Vós, que lá do vosso império,
prometeis um mundo novo,
calai-vos, que pode o povo
qu'rer um mundo novo a sério.
(Antonio Aleixo)


Mundo velho, pervertido.
E mundo novo, quimera.
Tanta mulher sem marido.
E tanta mentira vera.
(Maria José Limeira)


Que importa perder a vida
em luta contra a traição,
se a Razão, mesmo vencida,
não deixa de ser Razão
(Antonio Aleixo)


Quem perde a vida: mortal.
Quem perde o trem: desonera.
Toda música: triunfal.
E toda sogra: megera.
(Maria José Limeira)


Inteligências há poucas.
Quase sempre as violências
nascem das cabeças ocas,
por medo às inteligências.
(Antonio Aleixo)


Tantas mediocridades
geram distúrbios, confrontos.
Violência nas cidades:
muito medo em contrapontos.
(Maria José Limeira)



P'ra a mentira ser segura
e atingir profundidade,
tem de trazer à mistura
qualquer coisa de verdade.
(Antonio Aleixo)


Quem mente conta até sete.
Quem fala verdade amarga.
A mentira tem confete.
E a verdade, descarga.
(Maria José Limeira)


Sei que pareço um ladrão,
mas há muitos que eu conheço
que, não parecendo o que são,
são aquilo que eu pareço.
(Antonio Aleixo)


Passou o tempo de ontem.
Ladrão não anda descalço.
Pois agora (nem me contem!)
corrupto é honesto falso.
)Maria José Limeira)


Os poetas e os heróis,
que entre nós são destacados,
são tal qual os rouxinóis:
não precisam cultivados.
(Antonio Aleixo)


Os poetas são banais.
Os rouxinóis, cantadores.
Heróis se dizem os tais
dos mais felizes amores.
(Maria José Limeira)


Não sou esperto nem bruto,
nem bem nem mal educado.
Sou simplesmente o produto
do meio em que fui criado.
(Antonio Aleixo)


Não concordo com assertiva
do clichê inexorável.
Pode nascer sempre-viva
na lama mais deplorável.
(Maria José Limeira)

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 17/06/2008 03:22  Atualizado: 17/06/2008 03:22
 Re: Parceria: António Aleixo & Maria José Limeira
Maria,
As quadras estão um show: diferentes, colocações inteligentes, sagazes e profundas a reflexão.Notei que o Aleixo escrevia e em cima davas o contaponto.Muito legal! Foram feitas num fórum?
Bjins, Betha.