BRANBREUEMA
Minha ação se pauta
inteiramente pelo sabor do impulso seguro,
porque, da mesma forma,
o mais que possivelmente, ele conclama a sua mais pungente ferida,
Seu maior algoz. O mais augusto dentre os augustos verdugos que lhe singrem e sangrem
a sina de indivíduo honesto, capaz, alegre, puro!
De modo que, quando me deparo
com a perspectiva do assento sofismático, torpe e sádico
dos pilares que servem como sustentáculo
para a torre da selva de pedra,
me sinto tomado por uma raiva surda, fragorosa e muito cega.
Sim, pois perco as estribeiras da sábia parcimônia
ao ver uma criança, mais tarde, uma jovem criatura perdida,
tolhida por um lúgubre horizonte de vazias chances e expectativa,
se deixar levar pela mão da quimera
traiçoeiramente deletéria da sumária ascensão
para alimentar a facínora e íntegra
cúpula de vampiros que dizem seguir o moralismo cristão.
Depois de sugado todo o sangue,
deixá-la morrer como gente amorfa e sem coração; besta terrível. Ser além da fronteira do execrável. No seu dizer hipócrita, muito, mais muito além do marco da humana, quiça, até divina compreensão do imaginável inimaginável...
Sim, pois perco:
perco as estribeiras
quando vejo aquele exército,
aquele mundaréu de gente,
entrincheirada naquelas variadas filas infinitas,
a mendigar emergente atendimento; a receber
irrisório idoso numerário; além de um quem me dê trabalho.
Um louvado seja aquela barba grisalha, que nos dá comida no prato. Sim, exato, desde de que façamos nossa parte: multiplicar extra-oficialmente o número de cidadãos-escravos]
Mas aí, vem a consciência
me dizendo: tenha calma.
É preciso agir com inteligência.
Encontrar o caminho do flerte. Do flertar com a prudência:
que é simplesmente a descoberta, o encontro, a promessa!
O namoro e a comunhão com a réplica da marginalizada caneta:
A Poesia que ilustra a agonia do grito sofrido e baldio dos miserandos sóis reclusos em masmorras que circenciam a nossa consciência.
Do rebelar-se contra a permanentemente branca escuridão. Branca escuridão que cada vez quer mais, mais todo dia. Diariamente, um maior quinhão. Quinhão de vidas cativas!
Do querer impor a luz ao ariano buraco negro da negra ignorância, no qual está o mundo
em que viveputrefamos estáticos.
Queremos igualdade, não supremacia. Sim, porfim, é a única coisa que ansiamos apenas
que conquistemos um dia!
Queremos a arte do pretender.
Queremos a vontade do saber.
O que queremos é o lirismo da alegria!
Queremos o tão-só deixar de querer.
Queremos transcender ao poder.
Queremos, conseqüentemente, o seu tanger.
Não obstante, queremos o poder... O poder de fazer.
Com
efeito, queremos, propriamente, o próprio fazer. Não só o poder da resposta do discurso... da frase... Da palavra!
Porém, antes de mais alguma coisa, queremos o poder. O direito de poder querer. Do querer da prática!
Mas,
não apenas este querer. Queremos é o direito da oportunidade do poder
querer.
Queremos é o direito da oportunidade do poder querer que se faça.
Queremos é a oportunidade do poder que se faça.
Queremos é o
poder do querer que se faça.
Queremos é o querer que se faça.
Queremos, antes de tudo, o consciencioso saber que precisamos é deixarmos de somente querer.
O que, de fato, necessitamos é querermos que façamos!
É querermos que se faça! É fazermos e pronto! È realizarmos e mais nada.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA