O Senhor sentou-se à mesa com os cobradores de impostos.
Eles que eram os estigmatizados do tempo antigo
Estranhamente se sentiam como se num abrigo
Na presença daquele que, calmo, lhes fitava os rostos.
Por que será que esse senhor senta-se à mesa conosco?
Pensava profundamente um ancião assentado ao fundo;
Justamente nós que somos párias neste vasto mundo
E que socialmente enfrentamos um convívio tosco.
Um dos mais moços, que havia sido escolhido por ele
Ainda pela manhã no meio do agitado povo,
Ouvia, embevecido, as doces palavras pungentes.
E uma frase muito clara para o entendimento dele
Chegou-lhe aos ouvidos como um sopro de vida novo:
Os sãos não precisam de médico, mas sim os doentes.
Frederico Salvo.