GENTES RENDIDAS AO BELO E AO AMOR
A corda da guitarra chora
Lágrimas tiradas na dor
Atreve-se o coração na hora
E oferece-lhe palpitar de amor
E o poeta p’ra guitarras compõe
Poemas de seu belo prazer
Elas trinam melodias que expõem
Fadistas suas poesias dizer
E no canto da garganta afinada
Corre fado soberbo e encantador
É de letras de vida realizada
Em pingos de puro candor
E o guitarrista muito se atreve
A dedilhar na gostosa emoção
Vai-lhe o grito no caminho breve
Na garupa dum cavalo alazão
O poeta que seu poema escreve
P’ra fadistas exaltarem a vida
Com guitarras que a arte serve
Numa paixão soberba e desmedida
E no acto artístico de total esplendor
Nasce nova primavera de dons
P'ra gentes rendidas ao belo e ao amor
P’lo fado, o escrever e novos sons
De: Fernando Ramos