Hoje despertei com o cheiro a café fresco e o doce beijo da hortelã.
Ainda bem que as roseiras começaram este ano a despontar para a vida, o odor das duas que entraram juntas com a luz do sol no quarto deu-me vontade de cheirar a vida até ao fim do novo dia.
E assim fiz. Sai orgulhosamente mulher (após despertar, amamentar, lavar, vestir, e pentear as crias), para mais um dia de ginástica cerebral e actividade de orientação mal paga.
A verdade é que eu aprecio mais sentar-me ao lado esquerdo, mas tenho que admitir que o ex-fumador tem estado a bloquear o ar que deveria estar a chegar aos pulmões da economia portuguesa.
Os patrões passaram a apostar à má fila na igualdade no género. E não é que a Comunidade Europeia até lhes paga por isso. O género de que vos falo é o da exploração da situação de desemprego qualificado que cresce a toda a hora entre a fileira feminina. Elas querem e têm que trabalhar, que os tempos da outra senhora que lavava, passava, cerzia e cuidava dos filhos como profissão já se foi há muito.
Elas estão emancipadas e algumas amantizadas, mas não deixam de estar fragilizadas nas telas dos pintores contemporâneos.
Quando regressar aos teus braços no final do dia amor, posarei nua para que pintes o resto da minha noite em delicadas cores.