À procura de luz, é no fluir das palavras que a caminhada da vida me recolhe à estrada.
Tapete real, manto da natureza extinto, dos sonhos, a solidão escraviza-me o pensamento triste.
Não serei mais que um ser usufruindo deste ar viciado onde o espírito vive e repousa.
Como uma bebida qualquer, feita de casco velho, caminha o silenciado céu, este corpo, com voz rouca de gritar o tempo, na plenitude existencial da sua alma.
Lugar eterno dos céus, dizem-me que dos anjos, mais que a infinita estrada onde caminho, será também outro mundo.
Saudade da minha nudez, vontade de me sentar, recolher desta mesa as velas que foram o meu silêncio confundido, adormeci e não quis mais, acordar.
Afinal, para onde foram os meus sonhos?
Observo atentamente as rimas que escrevinhei no chão... No chão.
Espírito de luz segue viagem, uma viagem que termina quando eu for descoberto.
Quando de forma complexa me beberem o rio das palavras, esgotarem do sangue nobre a hierarquia desta alma, entregue às luzes do mundo para imortalizar o que resta dos meus medos.
À mesa com Deus, povoado de mundo, martirizado por ter dado de mim quase tudo...
Da praga antiga um sabor a medo, a estrada que se estreita e esconde um segredo.
Eu cresci... Eu venci! Eu venci!
A minha alma repousa agora, desabafando no silêncio, de mãos abertas observando a magnificência dessa luz que não é nada mais que a minha prória vida.
Paulo Themudo